O universo dos patinhos feios

 Eu não sou uma pessoa especial, daquelas que entra na vida de alguém e muda o rumo da história. Aquela mulher que faz um convite ao surpreendente, que transforma as noites comuns em noites quentes de delírios sexuais.Como diz um colega meu, sou muito gelo para pouco Whisky. Talvez eu esteja distante do protótipo de mulher que um homem espera. Não sou aquela que transtorna do princípio ao fim. Não ofereço mais que a minha honestidade, não faço jogos para forjar uma personalidade misteriosa aquém do que eu consigo sustentar. Tenho minhas crises, minhas angústias e minha insegurança.Posso até ser chata.Mas, meus sentimentos não são descartáveis e minhas frustrações são bem reais. É bem provável até que a idéia de mulher ideal para um homem seja bem diferente da realidade. Acho que até nem consigo compreender muito bem o universo masculino e nem sei se nas minhas tentativas de relaciomento correpondi as expectativas que criaram sobre mim. Por essa razão, seria um erro meu esperar que surgisse alguém tão inusitado assim na minha vida. Alguém que me fizesse me sentir mais viva, que quisesse descobrir minhas nuances profundas, um parceiro para todas horas, um porto seguro e um elo de confiança inabalável.E, embora, homens e mulheres transitem em atmoferas bem distintas, quando há vontade das duas partes, ajustes podem ser feitos para fortalecer o vínculo entre os dois.
 Não sei em que momento da vida desaprendi os caminhos para se criar as alianças dos relacionamentos.Ou quando essa vontande de estar junto simplesmente se esvaiu. Pode ser que eu tenha me perdido nas novas formas de comunicação, ou talvez meu erro tenha sido insistir em algo que já estava fadado ao fim. Daí, enxergo que nesse mundo de incompreensão não sou o patinho feio,vitima dos acontecimentos, que ainda não sabe ser Cisne, e que existem pessoas que sentem a mesma coisa que eu . A parte mais estranha de todas é que vivo me perguntando qual fio desalinhou para o mundo estar povoado de tantos patinhos feios insatisfeitos.
 O senso comum caminha por superficializar nossas essências, rotulando homem e mulher, fazendo a gente acreditar que aparência e sexo sejam suficientes ao ego masculino e dinheiro e status bastem à perspectiva feminina e que assim, não existam mais pessoas especiais ansiando outros focos.
Não são os homens que não prestam e nem mulheres que são vazias e sim ,as tentativas de colocar as pessoas em padrões que frustam ambos sexos  porque como disse no inicio, eu não sou diferente e ninguém é ,somos todos uma humanidade cansada de clichês inventados por nós,tentando encontrar o próprio lugar no mundo, buscando alguém que simplesmente esteja disposto a nos acompanhar.

 A partir dessa premissa surge uma grande questão existencial : Se somos todos iguais em busca do inesperado, existe ainda alguém disposto a ser companhia?

Ana Carolina Alencar

Comentários

Postagens mais visitadas